Criador de “Mega Man” quer que Japão admita falência em games
Dependendo da perspectiva, Keiji Inafune – criador do jogo “Mega Man”,
que deu origem à franquia de mesmo nome – pode ser uma voz singular de
sanidade na indústria de games do Japão, ou um traidor.
“Olha, o Japão está acabado… já terminamos. Nossa indústria de jogos
acabou”, disse Inafune, na época produtor da Capcom, em uma amostra de
games de Tóquio, em 2009. Logo depois do incidente, o criador do
personagem “Mega Man” saiu da Capcom e abriu seu próprio estúdio de
desenvolvimento de jogos. Livre das amarras corporativas, ele continuou a
impressionar com os seus comentários.
“Meu Deus, Inafune falando sobre a situação crítica em que está a
indústria de games do Japão… DE NOVO? Por favor, conte outra”, criticou
um produtor de jogos da “Q Entertainment”, no Twitter, antes de uma
conferência de Inafune. Outros afirmam que Inafune está passando por seu
“momento Charlie Sheen”.
É indiscutível que a indústria japonesa já gozou de uma ótima posição de
domínio na área de videogames, mas agora não mais. Para se ter uma
ideia, em 2002, editores da revista norte-americana especializada
“Electronic Gaming Monthly” publicaram uma lista dos 100 melhores
videogames de todos os tempos. 93 eram jogos japoneses.
Uma lista como essa, hoje, seria inimaginável. Além da Nintendo, é
difícil nomear outra empresa japonesa cujos jogos ainda tenham um apelo
cultural ou crítico, como nos seus tempos de ouro.
“Ao redor do mundo, os jogos norte-americanos são os mais vendidos e
considerados os mais divertidos”, conta Inafune, “mas os jogadores e os
criadores de jogos japoneses ainda não aceitam isso. Por isso o Japão
não pode ganhar”, sentencia.
Do que a indústria de games precisa, então? De acordo com Inafune, os
japoneses são muito esforçados, trabalham por horas a fio – bem mais que
os americanos –, mas lhes falta liderança nessa área de videogames. “É
disso que eles precisam, liderança. Se estiverem no caminho certo,
ótimos trabalhos vão surgir”, aposta o criador de “Mega Man”.

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